(Escrito em 01.05.2016 por Andréa Narja Heberling)
Olá, tripulantes!
Aqui é a Narja, já bem inspirada pelas cores, que, aos poucos, vêm tomando a cidade e embelezando a nossa Berlim de todas as tribos!
No domingo passado, pude desfrutar do último dia do Kirschblütenfest, festa promovida pela colônia japonesa, que comemora o desabrochar da Sakura (flor da cerejeira), um dos símbolos mais conhecidos desta cultura. Este evento tem grande importância no calendário japonês e marca o início da primavera.
A Sakura simboliza, ao mesmo tempo: beleza, fragilidade e passado. Após a Reunificação da Alemanha, Berlim foi presenteada, através de uma ação de doação, organizada por uma emissora de TV japonesa, com milhares de mudas desta espécie. Elas foram plantadas no lugar onde, no passado, o imponente muro de Berlim dividia o país em duas realidades bem distintas.
Hoje, em uma grande extensão do antigo muro, pode-se desfrutar do encanto das flores, que descortinam uma passarela de beleza e fragilidade e inspiram a fazer as pazes com o passado. E é com esse ar de esperanças renovadas que venho trazer o post desta semana, seu ticket para mais uma viagem interior!
Dando continuidade a nossa viagem pelo mundo da fantasia, desafiando e treinando a criatividade, eis que surge nosso segundo Conto inacabado, para o deleite da sua imaginação! Você também pode conferir o primeiro Conto inacabado... O Solitário, lançado na semana passada e que deu início a série.
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A Internauta
Por que não conseguia vê-lo? Estava na hora e no local combinados. Usava a roupa que descrevera em seu último chat. Até mesmo o chapéu dos anos 20, que usaria como “senha de identificação”, poderia receber o check!
O atraso deixava-a aflita. Era a primeira vez que ia a um encontro às cegas com alguém que conhecera na internet. A princípio estivera relutante, mas a empolgação das amigas a contagiara: “Meu primeiro blind date!”, pensou triunfante, sentindo-se quase uma Meg Ryan no filme “You’ve got a message”.
As pessoas nas mesas vizinhas conversavam alegremente naquela sexta-feira. Na meia-hora em que estivera esperando, pôde notar que todas pareciam usar sua melhor roupa, apresentando-se devidamente munidas e prontas para a temporada de caça aos corações disponíveis aos jogos amorosos casuais.
De repente, a porta se abre e um homem elegantemente trajado entra, com ar ofegante. “Chuva, claro! Como não pensei nisso?”, suspirou aliviada. Há cerca de uma hora começara uma tempestade, como Londres há muito não via, o que dificultava o trânsito, especialmente para a zona boêmia da cidade, no cair das promissoras noites de sexta-feira.
Inspecionou o cavalheiro com interesse, reconhecendo a rosa branca no bolso esquerdo do terno. Em seguida, seus olhos subiram até o rosto, encontrando uma barba mal feita, um sorriso fascinante e os olhos mais fisgadores que alguém poderia ter! O homem parecia ter experimentado o sentido real da LIBERDADE e transpirava uma autoconfiança incomum, como se estivesse incondicionalmente feliz e confortável na própria pele.
Enquanto ele se dirigia a sua mesa, ela sentiu o tempo parar... Com a respiração suspensa, por alguns instantes, pensou até ter compreendido o que todos aqueles mestres de Yôga diziam quando falavam sobre “Viver em estado de contentamento”.
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Agora é a sua vez! Qual o desfecho que gostaria para este conto inacabado? O que acontecerá com “A internauta”?
Neste ponto, entrego a você, tripulante, o leme do nosso navio, para que conduza nossa viagem para onde a bússola da sua imaginação indicar!
Ouse, experimente e deixe aqui no blog o seu desfecho para este conto!
Se gostou da proposta, compartilhe com amigos, família e com quem você acha que pode se interessar por ela.
Lembre-se: neste mundo com mais de 7 bilhões de seres humanos, a palavra de ordem da evolução é Compartilhar.
(Escrito em 23.04.2016 por Andréa Narja Heberling)
Olá, tripulantes!
Aqui é a Narja, diretamente da já primaveril Berlim, com sua vida, cores, pólen de flores (os alérgicos que o digam!) e seu ar conquistador, de quem sabe que é o destino de muitos nesta época do ano. Isto não sem uma razão, pois Berlim oferece o gosto de “ter liberdade de ser quem você é”, como se ela literalmente “flertasse” com os moradores e visitantes, recompensando a todos por terem sobrevivido ao cinzento, frio e longo inverno.
E é com esse ar enamorado que venho trazer o post desta semana, seu ticket para mais uma viagem interior!
Esta proposta é o resultado de uma experiência nova, e que fará a sua imaginação, assim como a minha, navegarem pelos sete mares, ousando em várias direções! Trata-se da criação em conjunto com você, tripulante, de contos com os mais inusitados cenários, personagens e situações.
Assim, todos os domingos postarei o início de um conto, que está inacabado, aguardando o seu desfecho. Durante a semana, você poderá postar a continuação do conto e decidir o destino dos personagens. Quanto poder, hein?
Atenção mentes criativas e sedentas por criar e experimentar no mundo da fantasia, aqui vai o primeiro conto inacabado, para o deleite da sua imaginação!
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O Solitário
Sim, havia o bastante naquele dia! Tudo parecia pedir a atenção do general e ele simplesmente estava paralisado.
Certamente que duas vitórias, seguidas de duas derrotas ainda não definiam o desfecho da guerra, mas havia perdido muitos homens. Bravos e fiéis homens…
Tinha deixado nos campos de batalha amigos, cavalos, assim como a coragem.
Os dias se despediam, sem mesmo terem chegado. As filas de feridos, distribuídos pelos acampamentos improvisados, dividiam os escassos mantimentos, espartanamente racionados.
Ele forçara-se a engolir a comida, temperada apenas com o gosto da pressão, que lhe pesava sobre os ombros! Precisava desesperadamente motivar suas tropas, fazê-las acreditar no triunfo, ignorando o cansaço, a fome e a dor!
Mas como encontrar argumentos arrebatadores, se ele nem mesmo os tinha para si?
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Agora é a sua vez! Qual o desfecho que gostaria para este conto inacabado? O que acontecerá com “O solitário”?
Neste ponto, entrego a você, tripulante, o leme do nosso navio, para que conduza nossa viagem pra onde a bússola da sua imaginação indicar! Ouse, experimente e deixe aqui no blog o seu desfecho para este conto!
Se gostou da proposta, compartilhe com amigos, família e com quem você acha que pode se interessar por ela.
Lembre-se: neste mundo com mais de 7 bilhões de seres humanos, a palavra de ordem da evolução é Compartilhar!
(Escrito em 06.03.2016 por Andréa Narja Heberling)
Olá, tripulantes!
Aqui é a Narja, diretamente da quase primaveril Berlim, trazendo o post deste mês, seu ticket para mais uma viagem interior!
Mas calma! Prometo a você que não se trata de nenhum tema controverso. A crise dos refugiados, o possível fim da Europa (pelo menos como a conhecemos) e o porquê de a termos deixado chegar a este ponto não fazem parte do percurso desta nossa viagem! Se você, assim como eu, também suspirou aliviado, então vamos subir o mastro, alçar as velas, recolher a âncora, ligar os motores e nos lançar a este mar de possibilidades!
Quando olhei, distraidamente, para o livro “Comer, rezar, amar” na estante do corredor, não pude conter o riso. Com ar resignado, entre muitos livros técnicos de Yôga, ele me parecia não pretender competir com os demais: “Afinal de contas, já fui lido uma vez!”, teria sido seu pensamento, caso ele tivesse algum. Num impulso, estendo o braço e, para surpresa dos demais, alcanço o inesperado exemplar, para deleitar-me, uma segunda vez, em suas páginas!
Neste ponto, peço sua licença para esclarecer que, por tratar-se de um “best seller” e a probabilidade de você estar entre os mais de 4 milhões de leitores ser alta, exporei aqui somente as reflexões que o livro causou em minha mente e em meu coração, em vez de mais uma resenha do delicioso livro de Elizabeth Gilbert. Dessa forma, ordenarei estas reflexões em forma de 3 “Monstros do armário”, que são alguns daqueles medos que povoam o escuro e desconhecido inconsciente e 3 “Insights” que o livro me trouxe, já que o livro traz as experiências da autora vividas em 3 países: Itália, Índia e Indonésia; e 3 verbos: comer, rezar e amar, que resumem estas experiências.
# Monstro 1: Medo da solidão
Em um dos milhões de filmes de terror que assisti, quando era criança (escondida, é claro!), tinha uma cena clássica: a criança é colocada na cama pelos pais. Estes a cobrem, dão-lhe um beijo de boa noite, apagam a luz e fecham a porta, deixando a criança de olhos acesos. Ela sabe que algo está errado! É aí, então, que estranhos ruídos começam a surgir… de dentro do armário! Brinquedos se transformam em monstros, que tentam sair do armário! A criança grita! Os pais retornam apreensivos, somente para tranquilizá-la, abrem o armário e dizem: “Veja, querida, são apenas seus brinquedos! Não há razão para ter medo.”
O ponto comum nas repetidas vezes em que a cena aparece é: a criança está sozinha! Não há pais por perto ou um amiguinho e nem mesmo um animal de estimação! Ninguém mais, além da sua própria companhia… Seria este “medo de estar sozinho” transportado até a idade adulta e transmutado para o “medo da solidão”?
♥ Insight 1: Necessidade de desfrutar da minha boa companhia
“É impossível ser feliz sozinho”, anuncia o poeta, arrancando meu aplauso em aprovação! Que delícia poder compartilhar momentos com amigos, família e pessoas de quem a gente gosta! Ir ao cinema, a uma festa, encontrar simplesmente para tomar um café, ou viajar juntos! Como o riso é gostoso quando a gente pode dizer: “Lembra daquela vez em que a gente...” e então relembrar aquela travessura juntos!
Contudo, quero relembrar que a única companhia que oferece serviço 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive nos feriados e com duração contratual desde o nascimento até a morte é a nossa própria! Isto inclui, naturalmente, Deus (ou a “divindade”, ou o “absoluto”, ou a “perfeição”, ou o “universo”, enfim, sinta-se à vontade para escolher sua palavra favorita!) que habita em nós. Não estou sugerindo, com isso, que o melhor é dar as costas à família, aos amigos, aos colegas de trabalho e a qualquer outro relacionamento que se possa ter construído na vida e ir às montanhas do Himalaia, viver uma vida de Sadhu! O que acho válido observar é que, no final das contas, nós nunca estamos sozinhos! Estamos sempre “desfrutando da” ou “penando com a” nossa própria companhia! A pergunta é: “Tenho sido uma boa companhia para mim mesmo? Tenho sido aquela companhia que eu gostaria de desfrutar, pela qual eu pegaria um transporte e iria ao seu encontro, já que é tão maravilhoso passar tempo com ela?”. Considero este um ponto de colossal importância, pois vejo com certa frequência (e pude eu mesma também experienciar) a situação de “pular de relacionamento a relacionamento”, em busca de algo que nunca esteve lá, simplesmente pela imaturidade de não saber ficar sozinho consigo mesmo! Aprender a ser “seu melhor amigo” dá segurança e liberdade na hora de construir relacionamentos e nos ajuda a focar mais na qualidade destes. Também liberta da missão impossível de tentar agradar todo mundo, o tempo todo, e nos ensina a dizer “não” e a ser mais honestos na hora de fazer compromissos. Por fim, ainda evita que a gente caia nas armadilhas dos relacionamentos abusivos, tanto conjugais, como também relacionamentos de “amizades”, trabalhistas, familiares, etc.
# Monstro 2: Medo do fracasso
Volta e meia ele aparece de novo: estou em uma sala de aula. Recebo a prova, mas… não consigo ler o que está escrito (certamente em uma mistura de sânscrito com Grego antigo!). Olho para os lados e os colegas (de diferentes épocas da minha vida) estão concentrados, finalizando a prova! Olho para o grande relógio, na parede à minha frente, só para perceber que o tempo está quase acabando e eu nem sequer comecei a fazer a dita prova! O curioso é que no sonho, ou melhor, no pesadelo, estou no segundo grau ou na faculdade. Quando acordo, sempre preciso lembrar a mim mesma: “Espera aí, mas eu já conclui o ensino médio, e mesmo a faculdade! Ufa...” Esse pesadelo tem se repetido em alguns momentos da minha vida. Logo depois, começa o auto-interrogatório, querendo saber se escolhi mesmo a profissão certa, se minhas escolhas têm me conduzido a uma vida bem-sucedida, enfim, aquelas inseguranças que minam a auto-estima e que vêm com o pacote “medo do fracasso”.
♥ Insight 2: Ter a própria definição do que seja sucesso
Andei bastante inconstante ao escrever sobre este monstro em especial. O debate no auditório da minha mente foi tão intenso, que chegaria a dar inveja às acaloradas reuniões de condomínio (se o assunto for aumento, então...)! Algumas vezes, cheguei mesmo a ficar cansada com a intensidade da argumentação e da contra-argumentação!
Então lá vai, vou apertar o “play”: o medo do fracasso é um medo dependente, que, para poder existir, precisa primeiramente da definição de sucesso! Somente a partir desta definição é possível, então, estabelecer o que é o fracasso. O problema, na maioria das vezes, é que a maioria de nós nunca parou para pensar ou definir este primeiro passo, ou seja, o que é o sucesso pra si! Desse modo, “adota-se” uma definição de sucesso do tipo “roupas de parente falecido”, sabe, aquelas que não servem, mas que você recebeu de presente, e que toda vez que você usa, sente que “o defunto era maior!”. Assim acontece com a falta da definição pessoal do que seja sucesso! A “geralzão” não serve! A definição “herdada” pela família, ou pela educação ou pelo meio social são condicionamentos e só fazem sentido se passarem pelo filtro interno, para receber os “ajustes e costuras”, de forma que façam sentido para o indivíduo! Sem essas reflexões e esse sincero questionamento é como tentar ajustar o corpo à roupa: corta os braços, aumenta as pernas, etc.
Visto que, por definição, não atingir o que foi estabelecido como sucesso seja fracasso, imagina quanta dor e sofrimento você já causou a si mesmo, achando que tinha fracassado, por não ter conquistado um padrão de sucesso que nem mesmo era o seu! E se você descobrir que sucesso para você não é ser gerente do banco aos 40, mas saber tocar gaita, para tocar o seu blues favorito, no próximo luau que o pessoal do trabalho está organizando? E se fazer o pedido em francês, naquele seu restaurante favorito, lhe der tanta satisfação, por mostrar que você, enfim, está conseguindo aprender a língua que tanto ama e isso for um grande sucesso para você? E se poder colher frutas e verduras da sua linda hortinha for um mega sucesso, já que você se propôs a comer 70% de orgânicos do próprio jardim? E se você achar um sucessão poder ter um cachorro, dar-lhe o nome do seu artista favorito e viajar o mundo, você e o “Brad Pitt”? E se escrever seu próprio blog sobre autoconhecimento e evolução pessoal, ajudando as pessoas a refletir suas próprias questões, o fizer sentir tão feliz e bem-sucedido?
Defina primeiramente o que seja o sucesso para você, em vez de ficar com medo do fracasso atrelado ao sucesso “geralzão”, que nem se quer lhe pertence! Libere-se, para poder empenhar-se na realização dos seus próprios sonhos!
Neste ponto, compartilho com você um trecho citado no livro “Comer, rezar, amar” e atribuído ao Bhagavad Gita: “É melhor viver o seu destino de forma imperfeita do que viver a imitação da vida de outra pessoa com perfeição”.
# Monstro 3: Medo da rejeição
Desde menina tive vontade de aprender a cantar. Ah debaixo do chuveiro...este templo sagrado das minhas fantasias de palcos e de aplausos calorosos! Como reverberava minha voz, cheia de vida, força e emoção, chegando a arrancar lágrimas do invisível público e as minhas próprias!
Porém, em minha história de vida, inadvertidamente, criou-se uma face equivocada da música: pessoas que se ocupam ou que vivem dela são boêmios, de vida noturna, consumidores de álcool e drogas, e deveriam mesmo procurar aprender uma profissão, já que música não leva ninguém a lugar nenhum! Aos poucos, fui ficando com o que chamo de "síndrome do canto contido", com a voz presa, baixa, quase abaixo da frequência audível para humanos! Como um "déjà vu", revivo a cena, em que, quando estou conversando com alguém, a pessoa se aproxima, com uma fisionomia tipo "decifrando o enigma da esfinge" e pergunta: "Como? Diz de novo! Eu não te ouvi!". Fui falando cada vez mais baixo, achando que tinha a voz estranha. E eis que, nestes círculos viciosos da vida, a profecia foi se concretizando: ao falar baixo, as pessoas não me ouviam, me dando a impressão de que minha voz era estranha, para dentro. Ao perceber que as pessoas achavam minha voz estranha e para dentro, falava ainda mais baixo, com aquele velho e conhecido "medo da rejeição"!
♥ Insight 3: Ser feliz é uma responsabilidade individual e intransferível
Um belo dia resolvi que iria cantar! Minha ambição era: Deixar minha alma se expressar através da música! Tudo muito bonito e sincero, como imaginava que os cantores fazem, ao deixar transbordar os sentimentos, hipnotizando todos! Pensem em uma pessoa feliz, quando, então, surgiu a oportunidade de cantar em um Coral!Eu estava, como descreveria sabiamente meu querido pai, "que nem pinto no lixo!". Comecei, então, com todo o gás nessa nova fase "quem canta seus males espanta”, até que... deu meia-noite e a carruagem virou abóbora! Eu não contava com um pequeno detalhe: não sei ler notas, o que me fazia sentir analfabeta, ao tentar decifrar aquela simbologia toda (lembram do Monstro 2, em que não consigo ler a prova?)! E quando era solicitado um determinado tom “fulano de tal”, que eu não conhecia, e por isso eu cantava o “beltrano de tal”, pagando aquele mico e desejando muito ser uma avestruz, com habilidade de enterrar a cabeça no buraco disponível mais próximo!
Estes episódios foram tão repetidos, que cheguei mesmo a pensar que música não era para mim, que era muito difícil, e eu não entendia como algo tão bonito não enchesse minha alma de felicidade e alegria, mas ao contrário, me deixava tão tensa e me fazendo sentir patética!
Dois anos de auto-experimentação depois, cheguei mesmo a me dar um ultimato: ou descubro uma forma de sentir prazer na música ou deixo essa história para lá! Deixava-me triste a ideia de desistir, mas também me entristecia igualmente a ideia de me impor, prolongadamente, uma frustração que açoitava impiedosamente minha auto-estima !
Li certa vez que temos um número programado de batidas de coração. Quando nosso coração atinge esse número de batidas, ele então para e a vida corpórea cessa! Foi pensando nisso que permaneci decidida a investir meu tempo e o número de batidas que me restam (e espero que ainda sejam muitas!) em algo que me trouxesse felicidade, satisfação e autorrealização (lembram da visita que recebi do Tempo e da Essência no post "Sobre a Motivação"?)!
Conversando com amigos, pesquisando na internet, descobri um método que trabalha a voz, através da conexão “voz e corpo”, assim como “voz e consciência”, primeiramente sem se preocupar com a estética, mas sim em explorar todas as possibilidades de expressão vocal de cada um. Foi aí que descobri alguns passos importantes para trabalhar minha voz.
A voz, por ser uma forma de expressão, que denuncia meu estado emocional, precisa, antes de qualquer técnica, de uma conexão comigo mesma! Ao imaginar um espaço interno amplo, onde ela pudesse se deslocar para onde quisesse, explorando todas as suas possibilidades, descobri uma sensação de liberdade e criatividade, que ainda não havia sentido, nem mesmo no meu templo sagrado “debaixo do chuveiro”! O passo seguinte foi, a partir da consciência de todas as possibilidades de diferentes tons, escolher aqueles que mais me agradam, aqueles que para mim soam bem, para então cantar minha própria canção! Assim, a combinação destes dois fatores: dar este espaço interno para minha voz e ter a liberdade de escolher aqueles tons que mais agradam, me deram segurança para me expressar, através da minha voz, já que ela tem de agradar, primeiramente, a mim mesma!
Penso que a auto-expressão através da voz tem muita conexão com a auto-expressão no mundo, através das escolhas dos caminhos. O medo de desafinar é outro nome para o medo da rejeição. A consequência desse medo é que a gente acaba por não se dar esse espaço interno, para escolher os caminhos que mais agradam, primeiramente a si próprio, perdendo a conexão consigo mesmo e sem nunca conseguir compor a própria canção!
Portanto, expresse-se através de suas escolhas! Afinal de contas, não importa o que você faça, sempre haverá 3 grupos de pessoas: as que aprovam, as que desaprovam e as que são indiferentes. Tome cuidado para não ficar constantemente no segundo grupo, se esforçando demais em agradar os outros!
Que sua vida seja sua mensagem, sua canção para o mundo! Assim, bem sua, enquanto ainda houver batidas de coração!
Bem, tripulantes, estamos chegando ao porto e ao fim desta nossa viagem. Por isso, vamos reduzindo a marcha, descendo as velas, o mastro, procurando um bom lugar para aportar e baixar a âncora.
Espero que tenham gostando desta viagem tanto quanto eu! Para finalizar, gostaria de compartilhar com vocês um pensamento do querido Mestre DeRose: “O medo é uma abstração do ser humano.” Portanto, da próxima vez em que os “monstros” fizerem barulho, tentando sair do armário, seja seu próprio super-herói, acenda a luz, vá até o armário, abra a porta e diga à criança assustada em você: “Calma, querida, são apenas seus sentimentos. Não há razão para ter medo!”.
♥♥♥
E você? Quais são os "Monstros" que têm povoado o seu armário? São muito barulhentos esses monstrinhos? E quais têm sido suas estratégias pra lidar com eles?
Compartilhe seus insights através de comentários aqui no blog. Conte-nos suas experiências e embarque nesta fascinante viagem, na qual o destino é aprendermos uns com os outros!
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(Escrito em 03.10.2015 por Andréa Narja Heberling)
Olá tripulantes!
Hoje quero convidar vocês a embarcar na atmosfera festiva de Berlim, pois é um dia especial para o povo alemão. Porém, não só para os que nasceram nesta terra, como também para os que a elegeram como Pátria de coração!
O dia em que um país, dividido pelos desdobramentos do pós-guerra, voltou oficialmente a ser um! Não que este processo tenha sido automático, rápido ou simples. Muitas estratégias políticas foram necessárias para conduzir as partes oriental e ocidental a um desenvolvimento conjunto. Certamente que, ainda nos dias atuais, é possível perceber diferenças, mas qual país não possui internamente, em âmbito inter-regional, diferenças políticas, econômicas e estruturais? Quem souber de algum, levante a mão!
No parque, desfrutando o calor do sol, neste dia outonal, pus-me a refletir sobre o tema Reunificação, a partir do reconhecimento das diferenças. Seria possível fazer brotar da diversidade o “manual das boas práticas” ou o “melhor dos dois mundos”, de forma a aplicá-lo a opostos, conduzindo-os a um esforço comum para o benefício de ambos?
Durante a tentativa de satisfazer esta questão, sou convidada a ler a colorida mensagem de pára-choque, na traseira do caminhão imaginário, que invade minha tela mental:
“O tempo não pára!” e “A lei do Universo é o movimento!”. Opa, talvez dois ingredientes sejam então pré-requisitos para se estar em conformidade com esta lei: 1) tolerância e 2) pré-disposição à construção de novos paradigmas. Pelo menos enquanto a tal lei ainda estiver em vigor!
Trazendo a lupa para o âmbito pessoal, reformulo a pergunta: como reunificar os mundos interno e externo, mundos estes aparentemente separados pelo “muro da pele”? Quais são as demandas do mundo “da pele pra dentro” e as do “da pele pra fora”? E de que forma reconhecer, acolher e satisfazer estas demandas, muitas vezes concorrentes e até mesmo opostas, sem que haja guerra declarada por um dos dois mundos (ou por ambos)?
Se por um lado a satisfação plena das demandas internas levaria o indivíduo ao isolamento, rebaixando-o à categoria de “ilha bípede”, por outro, alocando-se todos os recursos à satisfação somente das demandas externas, levaria este mesmo indivíduo à auto-anulação, à castração dos desejos e sonhos, negando-lhe qualquer forma de auto-expressão e evolução, desta vez rebaixando-o a um produto em série, com direito a código de barra e data de validade!
Neste ponto, permito-me o acalento de reflexões otimistas, testando prováveis soluções, como que fazendo meus três desejos ao gênio da lâmpada!
O primeiro, querido gênio, é o autoconhecimento. Com ele é possível reconhecer as demandas internas, desnudando a alma, de si para si, revelando as dores, os sonhos, as tendências, e tudo o que quiser brotar, no confessionário do coração!
O segundo, caro amigo volátil, é a empatia. Ela é peça importante para a percepção das demandas do mundo externo, e diz a lenda, que em combinação com a tolerância e a prédisposição à construção de novos paradigmas, é fator de peso na promoção do desenvolvimento interno, a partir de demandas externas, estas atuando como “provocadores” ou “catalisadores”, motivando o indivíduo a sair da zona de conforto. Afinal, como bem disse Henry Ford: “Quem sempre faz só aquilo que já sabe, permanece exatamente só aquilo o que já é.”.
E pra finalizar, bom e fiel gênio, meu terceiro desejo é a boa comunicação. Esta funciona como dupla embaixatriz, mediando as negociações entre os dois mundos, fazendo com que um perceba melhor o outro, tornando o “muro da pele” mais permeável ao intercâmbio de demandas, e fazendo com que estas atuem como fator de evolução um no outro. As demandas provenientes do indivíduo consciente provocam mudanças positivas no mundo, bem como demandas para melhorias do mundo motivam o despertar e o engajamento do indivíduo, convidando-o a contribuir e a evoluir.
Um som, a princípio desconhecido, mas que em seguida foi identificado como vindo do meu estômago, mostra-me que é hora de deixar o parque, a linda paisagem, o grito das crianças, os esportistas amadores, você, caro(a) leitor(a) e retornar à casa. Afinal, tenho que atender a esta demanda interna eloqüente, para ter condições de atender às externas, deste sábado risonho e especial, com sabor de Reunificação!
Então deixo aqui o meu carinhoso "até breve", ou melhor "até o próximo post" ;-)!
Bis bald!
♥♥♥
E você? Como vem lidando com as demandas destes dois mundos, interno e externo? O quão permeável é o seu “muro da pele”?
Compartilhe seus insights através de comentários aqui no blog. Conte-nos suas experiências e embarque nesta fascinante viagem, na qual o destino é aprendermos uns com os outros!
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